Em 2018 fiz uma lista com oito sergipanas notáveis que, de um jeito ou de outro, tiveram suas histórias de trabalho, lutas e conquistas esquecidos não apenas pelo fato de serem mulheres, mas também pelo triste caso de desmerecimento que envolvem a história sergipana, em maior ou menor grau, por seu povo e autoridades. A ideia naquele texto era aproveitar a data de comemoração do Dia Internacional da Mulher, para resgatar a história de parte dessas sergipanas, bem como dá-las a conhecer não apenas às sergipanas e sergipanos, mas a toda e qualquer pessoa, independentemente de seu lugar de nascimento.

Aproveitando que, no decorrer da pesquisa para o texto anterior, encontrei um grande número de sergipanas cujos feitos qualificam com sobras a menção de seus nomes, encarei o desafio de contar um pouco da vida e obra de apenas oito escolhidas. Como veremos no decorrer do texto essa não foi uma escolha simples, dada a magnitude das mulheres encontradas em minhas pesquisas. E, já que pude citar algumas dessas que ficaram de fora, deixo aqui meu sincero pedido para que procurem conhecer um pouco mais sobre cada uma delas, pois assim a obra de suas vidas continuará viva, impactando e influenciando gerações.

1-Maria Feliciana dos Santos

“Não está escrito, mas o conhecemos como Maria Feliciana. Não sei explicar por que.” Assim responde uma mulher ao ser questionada sobre o nome do maior edifício de Sergipe. Igual a tantos outros sergipanos ela não sabe, mas o apelido do tal edifício tem um bom motivo, afinal Maria Feliciana é nome da mulher que já foi considerada a mais alta do país. Nascida no pequeno município de Amparo de São Francisco, um dos menores do menor Estado do país, Maria Feliciana dos Santos chegou a ter 1,25 m de altura aos 23 anos de idade. Por conta de sua altura desde os 16 se apresentava em circos, quando certo dia conheceu Luís Gonzaga por intermédio de quem chegou a se apresentar no programa A Hora da Buzina apresentado por ninguém menos que o próprio Chacrinha. Em 1964, aos 18 anos foi nomeada a Rainha da Altura após uma competição internacional promovida pelo programa. Apesar da nomeação não ter caráter oficial, por muitos anos Maria Feliciana foi considerada a mulher mais alta do país, tornando-se muito famosa em seu estado natal. Quando o Edifício Estado de Sergipe foi inaugurado em 1970, sua altura o fez ser carinhosamente apelidado pela população com o nome da conterrânea famosa pela altura. E mesmo tendo o seu nome oficial estampado na entrada, é como Maria Feliciana que a população realmente o conhece. Infelizmente, apesar desse suposto reconhecimento, são poucos os que conhecem o motivo do apelido, como vimos no começo desse texto. Depois de uma vida de viagens exibindo sua altura pelo Brasil, atuando como cantora em parcerias com cantores sertanejos da época e até mesmo jogando basquete por um breve período, casou-se, teve três filhos e deixou a vida artística para trás. Em 1995 precisou fazer uma cirurgia em seu pé, o que fragilizou bastante sua saúde e em 1998 seu marido faleceu num acidente de carro. Com isso a condição financeira de Maria Feliciana ficou bastante prejudicada, pois dois de seus filhos, assim como a mãe, possuem fragilidades nos ossos em virtude da altura. Atualmente, com 74 anos, Maria Feliciana e sua família vivem numa casa modesta em Aracaju onde a pouca renda é completada por doações de pessoas generosas. Uma triste realidade para a mulher que, com sua altura, sempre fez questão de levar o nome de sua terra por suas andanças pelo país.

2-Rosa Moreira Faria

“Quero morrer com o terço numa mão e o pincel na outra. Lá de cima eu quero ainda pintar o sete”. O epitáfio registrado na lápide revela a artista dedicada e a devota fiel. No entanto, a verdade é que essa imagem sequer chega a arranhar a verdadeira estatura de Rosa Moreira Faria. Além de artista autodidata, foi também professora, pesquisadora, poeta, escritora, membro fundadora da Associação Sergipana de Imprensa, cursou taquigrafia e aprendeu também telegrafia, função que exerceu nos Correios após ser aprovada em concurso público. Apaixonada por sua terra natal é provavelmente a personalidade que mais fez no intuito da pesquisa e preservação da história sergipana, tendo pintado inúmeras obras dos mais variados formatos, tipos e estilos retratando feitos e momentos históricos sergipanos (boa parte desse acervo encontra-se espalhado por, literalmente, todo o estado, uma vez que Rosa Faria com seu espírito generoso as doava e presenteava a amigos sem qualquer cerimônia, conforme relatado em postagem do blog Academia Literária de Vida). Destaque para a coleção de 122 placas de cerâmicas, intitulada: “Sergipe Passo a Passo pela sua História”, tendo ainda sido a criadora das comendas “Gumercindo Bessa” e “Tobias Barreto”, feitas para o Tribunal de Contas e Procuradoria da Justiça, respectivamente. Por seu esforço e tenacidade nesse interim passou a ser conhecida como a artista plástica da História de Sergipe e a retratista de Aracaju. Nascida em Capela em 28 de abril de 1917, era filha do artista João Guimarães de Faria (João da Luz, como era conhecido) e de Dona Arminda de Moreira Faria a qual faleceu pouco depois, fazendo com que a pequena Rosa fosse criada pelo pai, de quem herdou o amor pelas artes, e pela avó materna, que também se chamava Rosa Faria, e que muito contribuiu pelo civismo e patriotismo da neta. Para melhor abrigar parte de sua vasta obra, em especial aquelas que, através de pesquisa em documentos, retratam inúmeros fatos e momentos da história de Sergipe, em 17 de março de 1968 inaugurou o Museu de Arte e História Rosa Faria. Com sua morte no dia 1º de maio de 1997, o museu fechou as portas. Felizmente, pouco tempo depois era feito um acordo entre o Professor Jouberto Uchôa de Mendonça, Reitor da Universidade Tiradentes e Carmelita Moreira Faria, irmã de Rosa, transferindo todo o acervo do museu para o espaço do Memorial de Sergipe, mantido por aquela universidade. Nesse local ele permaneceu até 2017, quando o mesmo Professor Jouberto Uchôa descontinuou as atividades do memorial prometendo sua transferência para o Palácio Ignácio Barbosa, antiga sede da prefeitura da capital sergipana e que se encontra sem função e abandonado desde 2005 quando a sede passou a funcionar  em novo prédio em outro bairro. A promessa era de que em seis meses (contados a partir de fevereiro de 2017, quando se veiculou a notícia), o Palácio Ignácio Barbosa estaria restaurado para receber não apenas o Memorial de Sergipe assim como outros itens correlatos. Infelizmente, um profundo e lamentável exemplo de pouco caso da prefeitura de Aracaju (uma vez que, segundo consta, é a prefeitura que impede a Universidade Tiradentes de levar adiante o processo de restauração do edifício), não apenas com a história aracajuana, mas também sergipana como um todo. E, com certeza, um desrespeito ainda maior com a memória de Rosa Faria, que, por toda vida, lutou para manter viva e conhecida a história e os feitos de sua terra.

3-Ítala Silva de Oliveira

“Da sexualidade e da Educação Sexual”. Esse era o título da tese de conclusão de curso pela Faculdade de Medicina da Bahia que, dentre outras coisas, defendia a instrução feminina e a importância da educação sexual para as mulheres, além de salientar a necessidade do prazer feminino nas relações sexuais. Se hoje esse é um tema ainda considerado, por assim dizer, polêmico, imagine como não o era em 1927, quando Ítala Silva de Oliveira tornou-se a primeira sergipana diplomada em medicina ao defender justamente essa tese. Para ela esse era um tema que devia ser, não apenas debatido em termos acadêmicos, mas dado a conhecer a todas as mulheres, através da educação plena, em todos os sentidos. Daí sua luta contra o analfabetismo (sendo inclusive a primeira secretária e primeira professora da Liga Sergipense Contra o Analfabetismo), como parte essencial para a emancipação feminina através da instrução pública. Nascida em Aracaju no 18 de Outubro de 1897, desde jovem escrevia sobre esses temas em jornais e na “Revista Feminina” publicada em São Paulo. Após sua formatura mudou-se para o Rio de Janeiro onde exerceu a Medicina como Ginecologista e Clínica geral em um posto de saúde público no bairro da Penha e onde também abriu um consultório particular. Faleceu no Rio de Janeiro em 1984. Ítala Silva de Oliveira é outro dos inúmeros casos de descaso com a memória sergipana, uma vez que, salvo uma ou outra citação, é praticamente desconhecida em sua terra natal, sequer tendo um verbete na Wikipédia por exemplo, sendo a principal, para não dizer única fonte de informação sobre sua vida os dados colhidos no Núcleo de História da Academia Sergipana.

4-Cesartina Regis de Amorim

Poucos antes do embarque para o Rio de Janeiro, onde iria estudar Farmácia, o pai da jovem Cesartina entregou-lhe uma carta que deveria ser entregue ao amigo Maximino Maciel (gramático e membro da Academia de Letras de Sergipe que na época vivia naquela cidade), caso ela necessitasse de alguma coisa. Cesartina, porém, nunca entregou a carta. Um dia, indo de bonde para a Faculdade, encontrou-se com um homem que a fitava intensamente. Ela já perdia a paciência, quando o cavalheiro lhe perguntou:

– Menina, você é de Sergipe?

– Sou, e com muita honra.

– De quem você é filha?

– Do capitão João Regis. E o senhor, quem é?

– Eu sou Maximino Maciel, amigo de seu pai. Você aqui no Rio e não me procurou?

– Pois é, meu pai me deu uma carta de apresentação; mas me recomendou que eu só o procurasse em caso de necessidade. Como não houve necessidade, não o procurei.

Assim era Cesartina Régis de Amorim, nascida em Laranjeiras no dia 08 de novembro de 1980. Única aprovada no teste de madureza (espécie de vestibular da época, composta de provas dissertativas para cada matéria, praticamente uma monografia), mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Farmácia. Terminou o curso em um ano e meio (quando o normal eram dois anos), adiantando matérias pois não queria onerar com mais gastos os seus pais, que ainda precisavam educar mais quatro filhos. Voltando a Sergipe, trabalhou em inúmeras farmácias pelo interior do estado até ser nomeada Farmacêutica da Penitenciária do Estado em 1926 e, em 1932, para o cargo de Farmacêutica Inspetora do Centro de Saúde de Aracaju, acumulando ainda o cargo de Inspetora da Área de Alimentos, porém sem a remuneração desse último cargo. Zelosa em suas funções, não admitia fraudes ou qualquer tipo de descumprimento da lei, o que a tornava temida, mesmo dentre os que desfrutavam de apadrinhamento político. Mas não foi somente das atividades farmacêuticas Cesartina que se ocupou, tendo destaque também nas educacionais, pois, valendo-se do direito de lecionar o fez assumindo as disciplinas de Português, Francês, Química e Física e mais História Natural, direito esse conferido pelo seu diploma de normalista. Foi também sócia-fundadora da Liga Sergipense Contra o Analfabetismo da qual também fazia parte Ítala Silva de Oliveira. Foi ainda a primeira secretária da seção sergipana da Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino atendendo ao convite feito pela Dra. Maria Rita Soares de Andrade e pela própria Bertha Lutz. Por essas e tantas outras realizações Cesartina Régis de Amorim foi inúmeras vezes reconhecida e homenageada, em especial pelo seu trabalho como farmacêutica e a frente da Associação Farmacêutica de Sergipe, da qual foi fundadora, tesoureira e presidente e, posteriormente, conselheira e eleita por unanimidade a primeira presidente do CRF/SE.

5-Dona Nadir da Mussuca

A cerca de 20 minutos de Aracaju, no município de Laranjeiras, encontramos o pequeno povoado chamado Mussuca, cujos moradores, remanescentes de quilombolas que trabalhavam nos canaviais da região, são também os resistentes guardiões de duas das mais belas tradições culturais sergipanas: as danças e os ritmos chamados de Samba de Pareia e Dança de São Gonçalo. E, dentre todos eles, é a figura miúda de uma senhora a mais destacada. Exemplo singular num grupo tradicionalista nordestino, onde a liderança feminina é algo incomum, Dona Nadir da Mussuca é a principal responsável por transmitir às novas gerações o conhecimento tradicional, mantendo-o vivo e, tão importante quanto, ativo na comunidade. Cantando as situações do dia-a-dia, geralmente com alguma irreverência, as brincantes dançam marcando o ritmo sapateando com seus tamancos e em trajes padronizados com Dona Nadir sempre a frente, mesmo aos 73 anos de idade, não mostrando sinais de cansaço, ao contrário, muita disposição, amor e vontade de manter viva as tradições, assim como fazia seu pai, pertencente ao grupo de São Gonçalo. Nas palavras de Dona Nadir em entrevista ao portal de notícias Infonet: “Na Mussuca todo mundo é família, assim fica mais fácil manter a tradição. Temos uma tradição mantida durante muitos anos, que quando nasce uma criança após 15 dias a gente se reúne para fazer uma meladinha (festa) e celebrar com muito Samba de Pareia”. O grupo liderado por Dona Nadir conta também com a participação de Mangueira (Acrisio dos Santos), Carmélia dos Santos, Elenilde da Silva, Maria Edenia dos Santos, Maria Ednilde dos Santos, Cecé (Maria José dos Santos), Maria Lucia Santos, Maria Luiza dos Santos, Maria José dos Santos e Normália dos Santos.”

6-Quintina Diniz de Oliveira

Pequena cidade da região Metropolitana de Aracaju, Laranjeiras já foi uma das mais importantes de Sergipe, quando ali vivia parte da aristocracia açucareira. Berço econômico do Estado, foi também o local onde floresceram intensos movimentos na cultura (como visto acima), educação, política e lar de personalidades marcantes nessas e outras áreas, a exemplo de Cesartina Regis de Amorim, Dona Nadir da Mussuca e Eufrozina Amélia Guimarães, a Professora Zizinha. Não à toa a cidade era conhecida como a Atenas Sergipana. E foi em Laranjeiras também onde nasceu no dia 18 de junho de 1878 aquela que é considerada como sendo a mãe intelectual de milhares de jovens sergipanas: Quintina Diniz de Oliveira. Sempre vestida de impecável linho branco, iniciou sua vida no magistério ainda adolescente no colégio para moças dirigida por sua mãe o qual assumiu ainda com 18 anos. Dez anos depois mudou-se para Aracaju transferindo o colégio para a capital além de lecionar as disciplinas Pedagogia e Psicologia na Escola Normal Rui Barbosa. Em todos os relatos sobre sua atividade como educadora, sempre fica evidente o seu amor pela educação e por suas alunas, nunca tendo levantado a mão para nenhuma delas. E isso numa época que a lei da palmatória imperava na educação. Mas Quintina acreditava que pancada nunca educou ninguém e que, para dobrar qualquer rebeldia, o amor era suficiente. Assim como as demais mulheres nessa lista, Quintina não se limitou a uma única atividade, sendo ainda poetisa, oradora e a primeira sergipana eleita deputada estadual tendo sido o seu nome lançado para a Assembleia Legislativa pela Sociedade Brasileira Pelo Progresso Feminino. No cargo, participou da constituinte de 1935. Em sua homenagem foi instituído o Memorial Legislativo Quintina Diniz na Escola do Legislativo de Sergipe além de nomear a honraria da medalha de honra entregue pela Assembleia Legislativa. Apesar de todo o reconhecimento e honrarias, Quintina era uma mulher simples, de hábitos frugais e cuja maior dor foi ter que fechar o Colégio que tanto dedicou de seu esforço e tempo, pois não encontrou substitutos e, doente, não tinha mais como dirigi-lo. Passado pouco mais de um ano, em 22 de julho 1942, a notável laranjeirense falecia em Aracaju. Seu cortejo fúnebre se fez acompanhar de representantes de todas as escolas da cidade e de uma grande multidão, um sinal inequívoco do reconhecimento da população à sua Mestra.

7-Gizelda Morais

Apesar de ter nascido em Campo do Brito, foi em Tobias Barreto onde a pequena Gizelda Santana de Morais aprendeu a ler. Como cartilha usava os livretos de cordel comprados na feira. Mas esse foi apenas o início de sua paixão pela leitura, passando logo a ler romances e poesias tornando a leitura seu hábito preferido. Daí para a escrita foi um pulo, com seus primeiros poemas sendo escritos ainda com 12 anos e chegando a ficar tão boa nisso que eram comuns os pedidos para que fizesse poesias por encomendas, algo impossível, pois, para ela, a poesia só ficava boa quando se tinha vontade para fazê-la. Ainda no colégio teve seu primeiro livro de poesia publicado pelo Movimento Cultural de Sergipe e mantinha colunas para jornais. Formou-se em Filosofia e Psicologia quando residiu em Salvador, fez o Mestrado em Psicologia na USP e, posteriormente, o Doutorado e Pós-Doutorado na França. De volta à Sergipe, ingressa no quadro docente da Universidade Federal de Sergipe e teve papel fundamental na melhoria da qualidade do ensino no Estado, quando, convidada pelo então secretário da educação, assume a Assessoria Setorial de Planejamento da Secretaria de Educação do Estado e também na criação do Programa Permanente de Pós Graduação da própria UFS. Apesar de nunca ter abandonado a escrita, só pôde dedicar-se mais plenamente as atividades literárias após sua aposentadoria da vida acadêmica. É de sua autoria as obras Ibiradiô: As várias faces da moeda ePreparem os Agogôs, romances históricos que resgatam acontecimentos fundamentais na historiografia sergipana, como o extermínio dos povos indígenas e a contribuição sociocultural desses e mais os africanos trazidos para aqui servirem de escravos. Sem nenhuma surpresa, Gizelda Morais, assim como suas outras conterrâneas aqui citadas, nutria profundo amor por sua terra natal e muito fez para que ela fosse valorizada por seu povo, não apenas através de suas belas poesias e dos seus fascinantes romances, mas, principalmente, zelando pela melhoria e qualificação da educação sergipana desde a mais básica até a mais avançada. Aos 76 anos de idade Gizelda Morais faleceu no dia 16 de agosto de 2015.

8-Maria Lígia Madureira Pina

Por último, mas nem por isso menos importante, para fazermos uso do lugar-comum, que nem por isso deixa de ser verdadeiro, seria imperdoável não lembrar da aracajuana, escritora, poeta, professora e acadêmica Maria Ligia Madureira Pina. Nascida em 30 de setembro de 1925, mesmo após finalizar o curso de magistério na Escola Normal ainda tentou uma carreira diferente no comércio, mas sem sucesso. Era no ensino que estava sua vocação. Uma vez graduada pela Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe em História e Geografia, atuou em diversos colégios de Aracaju, além de dedicar-se a elaboração de materiais didáticos e diversas obras literárias. E ao unir suas paixões acadêmica e literária produziu sua obra mais importante: “A Mulher na História”, livro onde analisa o processo de submissão da mulher, bem como sua trajetória desde a Antiguidade aos dias atuais, sem deixar de anotar a quase infindável lista de mulheres que, apesar da submissão e preconceito, destacaram-se nas mais diversas áreas, muitas das quais proibidas a elas. E, como não poderia deixar de ser, dedicando um capítulo especial às notáveis conterrâneas, muitas das quais fizeram parte da atual lista e dessa outra em comemoração ao Dia Internacional da Mulher e tantas outras que ficaram de fora somente por uma questão de espaço, sem jamais desmerecer a nenhuma delas, mas as quais sinto o dever e responsabilidade de citar agora a exemplo da poetisa Carlota Sales de Campos, da filantropa Genésia Fontes (D. Bebé), da romancista Flora do Prado Maia, da contadora Leyda Regis, das professoras Yvone Mendonça e Celina de Oliveira Lima e tantas e tantas outras. E não apenas graças ao livro mas, principalmente, também a dedicação de Maria Lígia a frente da Academia Literária de Vida, grupo formado por mulheres sergipanas amantes da literatura, do conhecimento em geral e que regularmente se reúnem para exposição de páginas literárias, para discussão sobre realizações sócio-culturais e eventos outros que possam enriquecer culturalmente suas integrantes. Fundado a convite de Maria Lígia em 20 de dezembro de 1992, a Academia ganhou, quase vinte anos depois, um blog sem o qual, devo deixar bem claro, eu não teria conseguido encontrar informações sobre mais da metade das mulheres listadas. Graças ao trabalho, iniciado com Maria Lígia Madureira Pina e continuado por todas as participantes da Academia, zelosas guardiãs da memória de tantas mulheres sergipanas, pude encontrar rico e vasto material biográfico de modo acessível e sem ter que recorrer a uma longa e complicada pesquisa de campo, a qual me encontro impossibilitado de fazer na atualidade. Por esse exemplo de cidadania e apreço pela Sergipanidade deixo aqui meus mais profundos e sinceros agradecimentos a cada uma das integrantes da Academia Literária de Vida, personificadas na ilustre pessoa de sua fundadora e primeira Presidente Maria Lígia Madureira Pina, a qual infelizmente nos deixou em 14 de agosto de 2014. Esse texto é dedicado à sua memória!

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Esse é o segundo texto das comemorações pelo bicentenário da Emancipação Política de Sergipe comemorado no dia 8 de Julho. Para ser informado de novas postagens ou para saber o que ando lendo, assistindo e ouvindo, curta também nossa fanpage!

Até amanhã com o terceiro texto da homenagem da série!

Um comentário em “OITO PERSONALIDADES FEMININAS SERGIPANAS

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