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Mais um ano se passou e aqui estou mantendo a tradição de fazer um levantamento das leituras que fiz no ano de 2017 e também o que venho planejando para o ano de 2018.

E, se 2016 foi um ano muito bom, 2017 foi realmente excepcional para as minhas leituras. Não só consegui atingir boa parte de minhas metas, mas também tive o prazer de ler obras incríveis e dos mais variados gêneros, exatamente um dos desafios que me impus. Li um pouquinho de quase tudo: de livros de geociências à estudos historiográficos; de biografias que remetem à ficção de tão fantásticas à romances questionadores da realidade.  E foram tantos livros bons que cheguei mesmo a ter dificuldades enormes, não só para escolher os melhores, como também para listar as decepções.

Alguns exemplos de boas leituras do ano que passou

Infelizmente, minhas leituras de quadrinhos continuam a decepcionar. Esse ano consegui a proeza de ler ainda menos quadrinhos do que no ano anterior. Como expliquei na postagem do ano passado, eu praticamente não compro mais quadrinhos, preferindo fazer o download e ler no computador em casa, deixando a leitura dos livros para o kindle ou nos volumes emprestados da biblioteca na universidade onde trabalho. Por isso boa parte das minhas leituras de novos quadrinhos são feitas em casa. E foi aí onde o problema começou, pois em 2017 meu tempo em casa pode ser resumido em: dar atenção ao meu filho, ajudando a cuidar do pequenino, além de estudar para concursos públicos. Mas se foram poucos os quadrinhos lidos, a qualidade do material lido compensou a quantidade.

Tomando por base o ano o que foi lido em 2017 estabeleci uma meta bem ambiciosa para esse ano. E nisso contei com uma ajuda perfeita da querida Capitã Sybylla do Momentum Saga, indicado nada menos que 52 obras, as quais somei algumas das leituras que não consegui completar antes do fim do ano passado.

Para quem tiver interesse em acompanhar meu progresso de leituras, fique à vontade para me seguir lá no Skoob.

2017

  1. Um livro e um quadrinho que te surpreenderam em 2017?

“Só Garotos” e “Quarto de Despejo”

Escolher uma única obra para esse item foi extremamente complicado. E mais complicado ainda foi tentar escolher apenas um dentre essas duas obras lindas. De um lado a cativante história de amor da garota magrela do interior dos EUA, tanto por seu fotógrafo de cabelos cacheados, como pela arte em suas infinitas possibilidades. Do outro a crueza e toda dor na história de uma catadora de lixo na maior cidade brasileira, que, ao sentir fome preferia escrever ao invés de xingar. São duas obras que, cada uma a seu jeito, cativam, prendem, encantam e emocionam.

Em “Só Garotos” Patti Smith, poeta, cantora, compositora e fotografa conta a história de maneira bem sóbria, poética até, fugindo do lugar-comum das biografias em geral. Partindo de sua infância, quando se percebe artista, até sua ida para Nova Iorque dos anos 60 e 70 livre – cidade apresentada pela autora de uma maneira equilibrada, livre dos deslumbramentos e depreciamentos típicos de quem escreve sobre a época –, cada lembrança contada tem um objetivo certo: alicerçar o caminho para o inusitado triângulo amoroso entre Patti, seu querido fotografo, Robert, e as artes. Uma história que emociona nos pequenos detalhes e nas suas pequenas descobertas como artistas, amantes, amigos.

Já em “Quarto de Despejo” encontramos toda a dor da vida de Maria Carolina de Jesus, catadora de papel, vivendo na São Paulo da metade do século passado as mesmas dificuldades de muitos brasileiros de hoje. Com seu jeito simples e humilde, refletido em seu texto coloquial de quem teve pouco acesso aos estudos, temos uma vontade imensa e irresistível de escrever sobre tudo aquilo que, mas do que visto, é sofrido. Nas palavras de Maria Carolina encontrei ecos de uma realidade teimosa em persistir ainda hoje. Ecos da realidade vivida por minha avó, igualmente uma mulher negra, pobre sem acesso a educação e de quem lembrava a cada virada de página.

Maus

“Maus”

Não é de hoje que quero ler “Maus”. Finalmente esse ano consegui realizar o desejo ao encontrar o volume único com um precinho excelente no Estante Virtual. Eu já comecei a leitura sabendo da importância e da qualidade da obra. Mesmo assim, não teve como não ficar profundamente impressionado com a história de Vladek Spielgman, contada por seu filho Art Spielgman com rara objetividade, embora, sem nunca perder a sensibilidade. Apesar de ter sua história contada pelo próprio filho, o Vladek que encontramos nas páginas não é, nem de longe, um herói maior que vida, sobrevivente de um dos momentos mais sombrios da história da humanidade, personificação esperada de uma história contada pelo seu próprio filho. Mas não aqui. Ao invés do herói o que vemos é um homem mesquinho, teimoso, preconceituoso e oportunista, do tipo que aparenta nunca dar ponto sem nó. Mas também é um homem carente, solitário, e ressentido da ausência do filho. Ou seja, um ser humano como qualquer outro. E é justamente aí onde reside, em minha opinião, o grande mérito de “Maus”: essa não é mais uma história uma sobre heróis e vilões, tragédias e milagres dentre tantas já ouvidas e vividas nos anos de Holocausto. É a história de uma humanidade capaz de ser tão terrivelmente mesquinha e, ao mesmo tempo, guardar dentro de si um potencial para o bem quase infindável vista pelos olhos de um pessoa comum, que, em momento algum se apercebe desse fato. É uma história que nos ajuda a entender um pouco mais sobre nós mesmos, ao mesmo tempo em que incomoda com mais e mais perguntas sobre nosso papel na história.

  1. Um livro e um quadrinho que te decepcionaram em 2017?

De Roswell à Varginha

“De Roswell à Varginha”

Se tem um tema o qual eu gosto de ler é sobre os supostamente verdadeiros casos ufológicos. No entanto, longe de ser uma versão brazuca do Giorgio Tsoukalos (nem cabelo pra isso tenho), eu procuro ser bastante cético quanto a esses relatos, sempre mantendo os pés no chão, evitando ao máximo me deixar levar pelo sensacionalismo que, invariavelmente, os acompanham. Ainda assim o tema me fascina. Especialmente o assim chamado Caso Varginha. Por ter alcançado grande repercussão até mesmo internacionalmente justamente na época de minha adolescência (mais precisamente em janeiro de 1996), esse foi um caso que até hoje chama muito a minha atenção. Por isso, que, quando encontrei esse livrinho, de autoria do ufólogo Renato Azevedo, fiquei bem empolgado e ansioso por sua leitura. Especialmente ao descobrir que a obra não tinha a pretensão de ser um relatório “verídico” dos fatos supostamente ocorridos, mas sim uma história de ficção baseadas nesses acontecimentos fazendo uma ponte entre o famoso caso brasileiro e seu equivalente americano, ocorrido meio século antes em Roswell.

Infelizmente, apesar disso, já bem no começo o livro não se decide se é texto de ficção ou obra de pesquisa, isso sem falar nos vários personagens clichês. O texto foi claudicando nessa levada até o seu término, e, apesar de tudo o que foi relatado e de alguns buracos na trama, até que terminou bem. O título também não ajuda em nada, pois fala-se bem mais de Varginha (e do caso Itaipu, outro caso ocorrido no Brasil) do que o de Roswell. Uma pena porque a ideia de se abordar o ocorrido em Varginha é muito interessante. Mas o livro poderia ser bem melhor.

O Grande Duque

“O Grande Duque”

“O Grande Duque” conta a história de Wulf o melhor piloto da Luftwaffe e de Lilya, pertencente ao esquadrão de pilotas russas que fazem missões noturnas, “As Bruxas da Noite”, durante a Segunda Guerra Mundial. Para falar a verdade, essa não é uma HQ ruim. Belamente ilustrada e com um roteiro até que interessante, ela está aqui porque me incomodou bastante o modo como a história de Lilya e das Bruxas da Noite foi retratada. Ao final da história sabemos muito mais das intenções e da história do piloto alemão do que de sua colega russa, a qual, de modo geral, quando não estava voando, era mostrada como apenas como uma mulher bonita que precisava usar de sexo para conseguir o que queria ou sair de problemas. De fato, somente numa única ocasião ela não usou esse “artifício”, mas que não foi mostrada explicitamente, ficando apenas subentendida. Aliás, todas as mulheres na história são mostradas como conseguindo o que querem quase sempre fazendo uso do sexo. Apesar de entender todas as dificuldades enfrentadas pelas mulheres naquele período, penso que não custa nada se esforçar um pouquinho em mostrar isso como um convite à reflexão e questionamento. Assim, fica aqui a decepção com a HQ quanto a esse detalhe bem importante.

  1. A melhor adaptação que você viu em 2017?

Estrelas Além do Tempo

“Estrelas Além do Tempo”

Eu li o livro de Margot Lee Shetterly poucos dias antes de assistir o filme estrelado por Katharine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson. E, apesar de livro e filme serem bem diferentes um do outro, é impressionante como ambos conseguem ser lindamente inspiradores cada um ao seu modo. O livro: um belo e excepcional exemplo de pesquisa historiográfica do trabalho das computadoras das mulheres, em especial as negras, nos primórdios da NACA (mais tarde, NASA). O filme: uma inspiradora e necessária obra sobre as dificuldades de ser uma mulher negra procurando seu espaço num ambiente de trabalho dominado por homens brancos nos anos 60. O filme acerta ao se concentrar na história de Katharine Johnson (que fez os cálculos de reentrada da cápsula espacial levando o astronauta John Glenn), Dorothy Vaughan (uma das únicas supervisoras negras da agência) e Mary Jackson (a primeira engenheira negra da Nasa), deixando a obra original mais acessível ao público não acostumado com a leitura de obras mais acadêmicas. Mesmo exagerando em alguns detalhes e criando algumas cenas que nunca existiram de fato, o enredo é perfeito em demonstrar a segregação existente para com as mulheres negras, mas principalmente em tirar do ocultamento a história de mulheres tão importantes naquele que é considerado um dos momentos mais marcantes da história da humanidade: a conquista do espaço. E nisso, meus amigos, contou com a ajuda primorosa, elogiada e, importante destacar, premiada do trio de atrizes principais.

Mulher Maravilha

“Mulher Maravilha”

Aprendi a gostar da Mulher Maravilha lendo alguns formatinhos da personagem na fase Géorge Perez, tida por muitos como sua melhor fase até hoje. Um encanto que cresceu com a qualidade da série animada Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites. Por isso e por entender que já estava mais do que na hora de vermos um filme decente com uma heroína no protagonismo, eu estava tão ansioso pela estreia de “Mulher Maravilha” estrelado por Gal Gadot. Expectativa que cresceu uns mil por cento depois de Batman vs. Superman. Mesmo não gostando desse filme, o aparecimento triunfal da filha de Hipólita e a incrível comoção que ela causou, foi algo incrível de se sentir. E o filme não decepcionou em nada! Um enredo enxuto, tranquilo, tocando em temas pertinentes sobre representatividade não apenas feminina, com boas atuações e, ponto alto em minha opinião, sem aquela overdose de batalhas megalomaníacas, cuja única função na trama é fazer valer o uso da tecnologia 3D. O ritmo da história é calmo, tratando de contar a história sem pressa e sem atropelos, permitindo que tenhamos contato com as personagens e soframos de verdade quando algo acontece com eles. Em resumo: uma adaptação impecável e nada menos que merecida para a primeira super-heroína dos quadrinhos.

  1. Um livro e um quadrinho que não conseguiu terminar em 2017?

A Guerra Não Tem Rosto de Mulher

“A Guerra Não Tem Rosto de Mulher”

De todos os livros que não consegui ler em 2017 o que mais senti foi essa obra que trata das memórias das veteranas russas da Segunda Guerra Mundial. Justamente por não se concentrar naquilo que já conhecemos pelos livros, filmes e miríades de obras que já abordaram o conflito, tais como grandes batalhas, estratégias e coisas afim, mas na perspectiva dessas veteranas, revelando o ser humano escondido pelo conflito, que quero muito ler esse livro.

Placas Tectônicas

“Placas Tectônicas”

Quando marquei essa HQ de Margaux Motin no texto do ano passado para minha meta de leitura, eu dei como justificativa o fato de tanta gente boa falar bem dela. E de lá para cá a vontade só cresceu ao ter tido contato com mais alguns detalhes do enredo, de sua linda arte e de várias outras resenhas elogiosas ao trabalho. Agora é só conseguir comprar a HQ para poder conferir em primeira mão.

  1. Quantos livros e quadrinhos você conseguiu ler em 2017?

Para 2017 eu estipulei inicialmente uma meta de 50 obras, sendo 30 livros e 20 quadrinhos. E, apesar da leitura dos quadrinhos ter caminhado meio devagar, a leitura dos livros correu a jato. Já na metade do ano eu tinha lido 28 livros. Com isso me empolguei e coloquei mais 30 livros para o restante do ano. Ou seja, no total foram 60 livros estabelecidos como meta de leitura. E já que a leitura dos quadrinhos não evoluiu, mantive a meta de 20 quadrinhos. Mas mesmo com um começo a jato, no segundo semestre fui obrigado a diminuir o ritmo para me dedicar aos estudos para concurso. Por causa disso acabei lendo um total de 46 obras: 42 livros e 4 quadrinhos. No total li 22 livros a mais e cinco quadrinhos a menos quando comparado com a meta do ano anterior de 2016. E foram também mais páginas lidas em 2017, num total de 15.087, enquanto em 2017, li apenas 8.155 páginas.

Nas imagens, outras três excelentes leituras que recomendo bastante.

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2018

  1. Um livro e um quadrinho que está ansioso pela leitura em 2018?

Deixe as Estrelas Falarem

“Deixe as Estrelas Falarem”

Livro da Capitã Sybylla. Motivo mais do que suficiente para eu estar ansioso por sua leitura. Sou fã de tudo o que Sybylla escreve, não apenas de seus textos no Momentum Saga, mas também de seus contos e livros, os quais recomendo bastante.

Uma Bolota Molenga e Feliz

“Uma Bolota Molenga e Feliz”

Conheço as tirinhas de Sarah Andersen pelas postagens de amigos e conhecidos nas redes sociais. Sua bem dosada mistura de humor e reflexão me cativaram de imediato, trazendo junto a vontade de ler essa coletânea.

  1. Um (ou mais) desafio que se dispôs a participar em 2018?

Antes mesmo da Sybylla recomendar esses 52 livros escritos por mulheres para ler nesse ano de 2018 eu já andava com a ideia pela cabeça: não apenas ler livros escritos por mulheres mas também livros sobre mulheres, ou ambos de preferência. E assim ficou estabelecido o meu desafio para o ano. Isso e tentar de algum jeito aumentar o número de HQs lidas. Na realidade, esse é meu segundo desafio: ler todas as 20 HQs listadas em minha meta de leitura.

  1. A adaptação mais aguardada por você em 2018?

Pantera Negra

“Pantera Negra”

Se ano passado a minha adaptação mais aguardada era a merecida primeira adaptação de um quadrinho protagonizado por uma mulher, imaginem a minha expectativa para assistir a adaptação do primeiro herói negro dos quadrinhos, repleto de personagens negros, tanto homens e mulheres! Que venha o “Pantera Negra”.

  1. Uma leitura que pretende retomar em 2018?

Os Sonâmbulos – Como Eclodiu a Primeira Guerra Mundial

“Os Sonâmbulos – Como Eclodiu a Primeira Guerra Mundial”

Esse foi o livro que eu estava lendo quando terminou o ano de 2017, bem na época que comecei a pegar pesado nos estudos. É um livro bem interessante sobre os motivos que levaram ao início do conflito, ampliando algumas informações, esclarecendo outras e trazendo à tona outro tanto. Como não abandonei sua leitura, não necessariamente pretendo retoma-lo, mas sim finaliza-lo.

Homem-Aranha A Última Caçada de Kraven-Vol. 2

“Homem Aranha: A Última Caçada de Kraven, vol. 2”.

Li o primeiro volume e posterguei o segundo. Tá na hora de retomar essa clássica leitura.

  1. Três livros e três quadrinhos da sua meta para 2018?

1-O Que É Lugar de Fala? de Djamila Ribeiro. Traz questionamentos sobre um tema pertinente e necessário, escrito por uma autora extremamente coerente e capacitada.

2-Star Wars: Legado de Sangue de Claudia Gray. Um dos livros mais comentados e bem resenhados do universo expandido, tendo como protagonista ninguém menos que a Senadora Leia. Para mim são motivos suficientes para tê-lo na minha meta.

3-Os Despossuídos de Ursula K. Le Guin. A leitura dessa autora é obrigatória e imprescindível para qualquer fã de ficção científica.

1-“Angela Della Morte” de Salvador Sanz. Uma agente especial que engana o próprio corpo simulando sua morte para liberar sua alma e, assim, ocupar outras pessoas para realizar suas missões. Ficção científica com traços de terror e lindas imagens.

2-“Bordados” de Marjane Satrapi. Penso ser obrigação de todo fã de quadrinhos conhecer a obra completa de Marjani Satrapi.

3-“Retalhos” de Craig Thompson. Um extenuante trabalho de pesquisa de sete anos para criar uma obra sensível num show de gravuras inspiradas na caligrafia árabe. Se isso não for motivo suficiente para querer ler essa obra, não sei mais o que é.

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Até mais!

 

2 comentários em “LIVROS 2017/2018

  1. Sabe que eu não consegui resenhar Quarto de Despejo? Eu não sei como comentar esse livro. É um dos mais importantes que já li, mas não me sinto apta pra falar dele. Ensaiei a resenha diversas vezes, mas não vai. Tenho muito a pensar sobre ele ainda.

    E obrigada por querer ler o meu ebook! <3

    1. Nossa! Quarto de Despejo é um dos livros mais duros que já li. Eu pensei que A Cor Púrpura era doído, mas Maria Carolina de Jesus mostrou o quanto a vida pode ser mais e mais difícil. Mais do que nunca convencido do quanto ele é necessário.
      To pensando seriamente em resenhar também. Mas também não sei se consigo.
      E lógico que vou querer ler seu livro sim, com certeza, pode apostar :D

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